quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Talvez em outra vida...

Talvez em outra vida eu poderia ter dado outro sorriso
Na primeira vez em nos vimos, no jardim de casa, em frente à garagem.
Talvez em outra vida eu poderia ter esperado um pouco mais
Pelo primeiro beijo roubado em um corredor escuro.
Talvez em outra vida eu poderia não ter dito o meu passado
E nem procurado saber do seu, que me mata de ciúmes.
Talvez em outra vida eu poderia ter me dedicado mais a você,
Ter ouvido suas queixas, ter prestado mais atenção nos erros.
Talvez em outra vida poderia ter feito um jantarzinho melhor
E não ter me queimado, assim não sofreria com lembranças.
Talvez em outra vida ficaríamos juntos sem nos preocuparmos
Se o amanhã chegará para ambos, se não partiremos no primeiro ônibus.
Talvez eu poderia ter estudado menos, ter saído com você sempre
Que sentia toda aquela vontade. Poderia ter sido menos orgulhoso,
Mais compreensivo, ter brigado menos.
Talvez em outra vida...
Mas talvez em outra vida não teria conhecido você,
Não teria aprendido que seu sorriso é lindo, que amo seu cabelo,
Seu toque, seu abraço. Amo ficar olhando seu rostinho por horas!
Ah! Talvez em outra vida não teria lembranças marcantes de você como tenho.
Talvez... Talvez... Mas aí seria outra vida, não essa.
Nessa, quero entregar aquilo que chamo de amor à você. Nessa, não mudaria nada em você.
Nessa, posso ser eu. Nessa, nos conhecemos. Por essa vida eu agradeço por ter me apaixonado!

(Carlos A. T. Rossignolo)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tão breve, tão marcante...

Era uma manhã doce de Novembro, como qualquer outra. O orvalho cristalizava todo o verde gramado e tornava aquele jardim vivo e colorido na janela, tão pálido e cinzento, como qualquer montanha congelada. Abri a porta dos fundos e decidi fazer um passeio matinal, reparando no cantar triste dos pássaros, na melancolia dos raios de sol que tangenciavam o vale denso e novoado, nas árvores secas que gritavam por vida. Caminhei em uma estrada longínqua, na verdade sem nenhum destino e expectativa, apenas para deixar o ar gélido entrar em meus pulmões. Após algum tempo de caminhada leve, ouvi um barulho suave de passos calmos atrás de mim. Continuei a caminhar num automatismo que era propiciado pela paisagem homogênea ao redor. Quanto mais eu caminhava tentando me distanciar e ser mais um no meio do cinza infinito, mais eu me aproximava daqueles passos que estavam seguindo os meus. Em um olhar leve e discreto percebi que não estava mais no meio do campo, mas em um jardim florido e alegre, sentado a beira de um penhasco, acariciando uma rosa. Contemplei seu rosto, suave em formas, contudo, vivo em emoções e expressões, alvo... Me perdi nesse momento, achei que minha breve existência se resumira ali e que nunca mais seria o mesmo após aquele instante. Minha vida girou em apenas um segundo. Um infinito em um breve espaço de tempo. Após aquilo, voltei a paisagem cinzenta daquele vale, ouvi novamente os pássaros chorarem, as árvores gritarem e o gelo cair por entre as rochas. Foi tudo uma breve ilusão, porém, a ilusão de toda minha vida!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Interligação

"Há certezas que só ocorrem uma vez na vida"
(As Pontes de Madison)

Come seria se um dia o sol despertasse
Pálido, banhando as gramíneas pela manhã?
Come seria se o rio do condado corresse
Ao contrário, levando consigo as esperanças vãs?
Como seria se as estrelas no céu não ficassem,
Mas reluzissem no chão ao luar?
Como seria se naquela tarde não o houvesse encontrado,
Não houvesse hesitado, beijado, roubado seu coração?

Poderia olhar para minha vida com o mesmo apego
Ou com o mesmo cuidado? Poderia saber se havia amado?
Seria apenas uma ponte na paisagem, um fotografia em branco...
O sol se poria, as estrelas subiriam e o mundo se converteria em cinzas.

Mas talvez em cinzas devesse ficar,
Talvez em cinzas devêssemos nos unir
E para sempre esse amor selar.
E seria assim, seríamos pó sob uma ponte,
Uma ponte que leva e traz o destino incerto,
Entrelaçados, em cinzas seríamos amados!

(Carlos A. T. Rossignolo)