quinta-feira, 28 de abril de 2016

Danish Girl

Era uma garota de lindos olhos verdes,
Verdes como a cor do mar.
Era uma garota de lindos sorrisos,
Tão alvos como o pensar.
Era uma garota de fina cintura,
E leveza tinha ao andar.
Era uma garota de pele macia,
Que ao pêssego podia se comparar.
Era uma garota de sedas entornada,
Que fazia seu vestir divino ficar.
Era uma deusa, deusa dinamarquesa.
Mas nesses olhos não havia brilho,
Nesse sorriso timidez,
Nessa cintura haviam pelos,
Em sua pele não havia pó,
O seu andar era duro e grosseiro
E suas vestes eram pretas e retas.
Mas em seu interior sempre morou escondida
Uma deusa, deusa dinamarquesa.
(Carlos A. T. Rossignolo)

Descoberta?

Quando o assunto é um tema complexo como sexualidade, uma das primeiras perguntas que nos fazem é: quando se descobriu?
A Orientação Sexual  tem este nome não é por acaso. Muitos confundem com Opção Sexual.
Considero opção algo em que eu tenha escolha, como por exemplo o número de parceiros que vou me relacionar em determinado momento, como vou me relacionar, até onde estarei disposto a ir na cama. A orientação é algo intrínseco e entranhado em seu ser, te orientando sobre sua preferência e qual sexo irá atraí-lo sexualmente.
As coisas não acontecem da noite para o dia. Você não vai dormir confuso e acorda gostando do mesmo sexo, ou do sexo oposto. Você sempre sabe. De uma forma ou de outra seu corpo já lhe dá algumas pistas de sua orientação desde que você começa a pensar na vida sexual.
Em particular, comigo foi assim. Desde que comecei a entrar na adolescência e a experimentar minha sexualidade eu já tinha pistas do que me atraía. Meu primeiro beijo foi aos 15 anos com uma garota. Não considero que me pressionaram, eu tinha curiosidade de saber como era beijar, mas havia em mim valores muito sólidos da sociedade e, sendo assim, pensei que para experimentar o beijo deveria ser como uma menina. Com o passar do tempo e meu interesse por meninos me instigando, também beijei o primeiro. Nesse beijo eu percebi que um beijo não é apenas um beijo, mas vem carregado de sentimentos e vontades e sem dúvida, beijar uma menina e beijar um menino para mim é muito diferente. Pratiquei minha primeira relação sexual com um menino quando tinha 18 anos e até hoje, nunca aconteceu com uma garota. Esse menino tornou-se meu namorado e então me senti mais seguro para manter uma vida sexual ativa com meu companheiro.
Após refletir sobre esses fatos, com meus 23 anos hoje, não consigo reler este texto e saber exatamente onde tudo começou. Não gosto tampouco de rótulos, não garanto gostar apenas de homens até o fim de minha vida, mas acredito fielmente que sou livre. Livre eu respeito minhas vontades, livre eu posso ser quem eu realmente sou, livre consigo aceitar a minha situação e reconhecê-la como normal. Livre eu sempre vou ser para me relacionar com quem me atrair no momento.