terça-feira, 15 de novembro de 2011

Tão breve, tão marcante...

Era uma manhã doce de Novembro, como qualquer outra. O orvalho cristalizava todo o verde gramado e tornava aquele jardim vivo e colorido na janela, tão pálido e cinzento, como qualquer montanha congelada. Abri a porta dos fundos e decidi fazer um passeio matinal, reparando no cantar triste dos pássaros, na melancolia dos raios de sol que tangenciavam o vale denso e novoado, nas árvores secas que gritavam por vida. Caminhei em uma estrada longínqua, na verdade sem nenhum destino e expectativa, apenas para deixar o ar gélido entrar em meus pulmões. Após algum tempo de caminhada leve, ouvi um barulho suave de passos calmos atrás de mim. Continuei a caminhar num automatismo que era propiciado pela paisagem homogênea ao redor. Quanto mais eu caminhava tentando me distanciar e ser mais um no meio do cinza infinito, mais eu me aproximava daqueles passos que estavam seguindo os meus. Em um olhar leve e discreto percebi que não estava mais no meio do campo, mas em um jardim florido e alegre, sentado a beira de um penhasco, acariciando uma rosa. Contemplei seu rosto, suave em formas, contudo, vivo em emoções e expressões, alvo... Me perdi nesse momento, achei que minha breve existência se resumira ali e que nunca mais seria o mesmo após aquele instante. Minha vida girou em apenas um segundo. Um infinito em um breve espaço de tempo. Após aquilo, voltei a paisagem cinzenta daquele vale, ouvi novamente os pássaros chorarem, as árvores gritarem e o gelo cair por entre as rochas. Foi tudo uma breve ilusão, porém, a ilusão de toda minha vida!

(Carlos A. T. Rossignolo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário