A lua descansava imóvel no céu,
Nuvens cobriam-na com transparente véu,
Ouvia-se uivos na floresta sombria,
A noite dilacerava os ossos com sua brisa fria.
Os mortos enterrados mexiam-se em suas valas,
A luz opaca que iluminava a triste e vazia sala,
Lentamente se entregava e se transformava na escuridão,
Na escuridão que enegrecia e congelava o mais puro coração.
As portas batiam, as janelas abriam, a neblina entrava,
A dama de branco se levantava da cama e caminhava
Em direção ao doce fluido que escorria pelas paredes,
Um medo incontrolável e uma sangrenta sede.
O dia não chegava, a imensidão profunda e negra se estendia,
As estrelas cobriam suas faces para não ver aquela cena vazia,
Que outrora fora alegre, fora clara, alva e brilhara como o sol a pino,
Mas que hoje se entranha como um homem que já não ouve o sino.
Essas imagens macabras vinham em minha mente,
Eu já não era mais aquele menino contente,
Pois a vida vai nos esvaindo, gota a gota, até que paramos,
E olhamos nossos caminhos percorridos e falhamos.
Queria apenas ver o dia, a aurora despontar naquela floresta,
Iluminar os ramos das árvores, trancar nas valas suas arestas,
Ver aquela sala alegre, aquela dama se vestir com vestidos vivos,
Ver que minha mente já se livrou desses pensamentos nocivos.
(Carlos A. T. Rossignolo)
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