quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Correntes

Tenho minhas asas abertas para voar,
Meus pés limpos e leves a desprender o chão,
Minha mente no céu mais distante a navegar,
E meus ouvidos em sua doce oração.

Elas abrem e começam a ruflar,
Transformando brisas em um tufão,
Batem aos ares sem num instante parar,
Observando essa maravilhosa ilusão.

Quando já dos pés tocando o ar,
Uma gota escorre às mãos,
Calada, com o sal do mar,

Estava acorrentado aos teus olhos de paixão,
Estava em um instante a sonhar,
Estava preso as correntes do seu coração.

(Carlos A. T. Rossignolo)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Alado




Estava com as brancas asas abertas
Flutuando nas brumas altivas,
Tinha uma mente destra e esperta,
Tentara todas as tentativas.

Esse anjo olhava por entre as águas,
E via o bloco de gele brilhando,
Nesse falso diamante depositava suas mágoas,
E os raios de sol por ele transpassando.

Naquele imenso e espelhado mar,
De águas tranquilas e geladas,
Fundia-se o seu mais fixo olhar,
Em antigas histórias passadas.

Aquele vento que pairava frio,
Levava seus loiros cabelos
Que dançavam no vazio,
E os quais jamais poderiam tê-los.

Aquele bloco de gele estático,
Defendia a água dos raios do sol,
Refletia sua luz ao céu fantástico,
E o mar aconchegava como lençol.

O anjo ruflou suas asas,
Passou pela reluzente água marinha,
Lembrou dos amores que tinha
E jurou não mais amar.

(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Desconexo

Não sei o que pensar sob este céu,
Não quero mais estar sobre o mar,
Em minha cabeça há um negro véu,
Pois achei que um dia soubesse amar.

Achei por ingênua inocência,
Que em seu abraço estaria seguro,
Que em sua boca não havia carência,
Que poderia transpor qualquer muro.

Pensei que você havia se entregado,
Que sua mente estava em meu ser,
Que era a mim que havia amado,
Que eu era o motivo do seu viver.

Sonhei sonhos lindos para nós,
Praias desertas, castelos abandonados,
Mas hoje, meus passos andam sós,
E levo os sonhos nunca concretizados.

Amei seus beijos, sua boca, seu abraço,
Tentei sentir o seu amor que pulsava,
Criei um forte pensamento, um laço,
Mas não era a mim que seu coração chamava.

Você foi uma decepção, talvez por eu ter criado,
Um mundo imaginário, de pura fantasia,
Em que eu seus braços eu era amado,
E que em ti me vinha toda a alegria.

Por você eu quis ter o sol, pra te dar,
Por você eu fiz a lua ao mar beijar,
Por você eu me vi contente,
Por mim, decidi seguir em frente.

(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Pico e Vale

É quando o vento sopra
Em uma corrente constante,
Quando a terra seca prova
O molhado da gota errante.
O sol morre, a noite nasce,
Os lobos uivam no pico,
Como se as montanhas falassem,
E enxergam o vale longínquo.
No vale o rio desce suave,
Carregando consigo a alegria,
Levando as caídas neves,
Traçando um caminho de fantasia.
Para se ver o pico, deve-se estar no vale,
Para detalhar o vale, deve-se estar no pico.
São outras realidades, outras paisagens,
Mas a vida nos mostra a importância,
De se colocar em posições opostas,
Para que se possa entender seus caprichos.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Tardes Sem Fim

Oh tardes! Tardes com gosto de rosas,
Meu peito se alegra, meus olhos em lampejo ,
Minha mente flutua, em conversas gostosas,
Me sinto seguro ao provar seu beijo.

Oh tardes! Tardes sem fim,
Em riqueza de detalhes viajo,
Nesse céu estrelado de marfim,
Te olho calmo, calado.

Meu sorriso ofusca o universo,
Meu suor preenche o mar,
Seu jeitinho perverso,

Todo querendo me conquistar,
E destas tardes saem esses versos,
Que em seu mundo, me fazem viajar.

(Carlos A. T. Rossignolo)