quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Poesia é a forma do homem se aproximar de seu Criador, é a manifestação do divino em palavras, é a vontade de criar em ação.

(Carlos A. T. Rossignolo)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Scream


O por insensível do sol,
A morte do horizonte,
A pureza suja de um lençol,
O cinza do céu distante.

Estou entre as duas pontas da vida,
Em uma ponte sem direção,
De um lado a realidade sofrida,
Do outro a falsidade da decepção.

Deixo meu eu para trás,
Sinto meu corpo em dois,
O tempo passa fugaz,
E o agora fica pra depois.

No meio da ponte fico estático,
Prefiro a covardia a seguir um caminho,
Esse triste sol fanático,
Se põe e me deixa na ponte, sozinho.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Vitória Régia

Óh, Rainha Real do Rio,
Madrinha do esplendor da lua,
Restauradora do calor ao frio,
Revela àquela a linda face tua.

Mostra ao meu fraco ser,
Que o amor perdido,
Pode voltar a arder,
Nesse meu peito enegrecido.

Faz em minha alma,
Ressurgir o perdão,
Me devolve a calma,
Alegra meu triste coração.

Volta teus olhos ao mar,
Sê com aqueles que amam,
Diga esperança em teu falar,
Não deixe enganar os que enganam.

Quero em teu leito declamar,
Os mais nobres e métricos poemas,
Quero em tua face ver o lar,
Que deixei perder-se em meus dilemas.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Senhora


Que graça tem, Senhora?
Se teus olhos encontram os meus,
Se eu suspiro nos peitos teus,
Naquele sentimento de outrora.

Que graça tem, Senhora?
Se tua alma encontra a minha,
Se teu querer era o que eu tinha,
Se te tenho a essa hora.

Que graça tem, Senhora?
Se ouço assim teu doce falar,
Se em teu suspiro ouço o mar,
Se estamos aqui agora.

Que graça tem, Senhora?
Se foi fácil a mim teu amor,
Se por ele não tive labor,
Se dificuldade queria o que namora?

(Carlos. A. T. Rossignolo)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Na Imagem do Tempo


Quando o vento passava frio,
Quando a noite chegava quieta,
Quando me dominava o vaziu,
Quando deixava as coisas incertas.

A névoa descia ao chão,
Beijava-lhe a face escura,
E deixava-o na maior solidão,
Sem qualquer lembrança de ternura.

Ouvia-se o chorar desesperado,
Que o chão bradava ao vento,
E os pássaros todos desconcertados,
Rasgavam o céu em um momento.

A escuridão abraçava a paisagem,
As árvores sussurravam paixão,
Já se podia ver a imagem,
Deixada pelos amantes da decepção.

(Carlso A. T. Rossignolo)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Firework

Quando eu olho pela vidraça,
Vejo o brilho dos fogos,
Vejo as pessoas na praça,
Vejo a alegria dos jogos.

Sinto a leveza do ar,
Ouço o ruflar dos pássaros,
Beijo a brisa do mar,
Deito à areia pés descalços.

Um abraço suave me aperta,
Um beijo molhado me fascina,
Uma flecha de cupido me acerta,
Me envolve, me consome, me alucina.

Os fogos estouram, em um brilho fatal,
As lágrimas escorrem ao chão
Me trazendo um desejo mortal,
De ser único em seu coração.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Invernos


E em seu caminhar mergulhava em seus mais íntimos e profundos pensamentos. Lembrava da sua infância, de como sua família era ausente. Das tardes de domigo que passava apenas com seu cachorro em torno de um lago, remoendo livros de fantasia, estas que nunca sairiam do papel. Lembrava-se também das manhãs em que pintava quadros em aquarela, que escorria pelo chão, tingindo aqueles raios cinzentos que desciam pela janela e penetravam em seu coração. O tempo foi passando e sua vida continuava sempre a mesma, monótona, vazia. Quando deitava-se em seu jardim congelado ao olhar para o céu monocromático, lembrava de seu vaziu. A cada passo que se afundava na neve ela pensava em um de seus invernos. Além das montanhas havia uma esperança, um rastro do sol que coloria a paisagem, mas além das montanhas é longe, são muitos passos e muitos invernos; o que o ser humano não consegue suportar. Já estava sozinha, sem a família que não lhe fazia falta, sem seu cachorro companheiro de tardes inúteis, sem aquela vontade de vencer que a acompanhava quando jovem. Ela estava lá, em mais um de seus invernos, caminhando sozinha no gelo, sentindo a brisa cortar-lhe a face e as lembranças, o coração.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Faíscas


Eram faíscas incertas, apaixonadas.
Elas pulavam de um lado para o outro, reluzindo seu brilho na imensidão da noite. O lago cinzento coberto por névoas envolvia o silêncio, que roubava todos os sonhos de um mundo decrépito. As árvores balançavam suas curtas folhas potentes, que em uma dança sinistra roubavam o ar e cortavam seu viver. Os animais estavam mortos, apáticos, gélidos. Havia uma cabana de folhas secas, rodeada por uma vegetação fúnebre, com os galho quebrados. Nessa cabana o tempo reinava e mesmo velha, ela resistia na paisagem. As núvens cobriam o céu e impossibilitavam o brilho das estrelas, mas algo brilhava. Eram as faíscas reluzentes que saltavam do coração das pessoas apaixonadas. O amor é assim, apesar de viver em um mundo sem vida, ele nos dá forças, nos anima, nos faz ver o brilho que só existe em nós. Essas faíscas saltitantes, que pulam, estouram, alegram, iluminam. Elas conseguem envolver o mundo em luz.

(Carlos A. T. Rossignolo)