terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Faíscas


Eram faíscas incertas, apaixonadas.
Elas pulavam de um lado para o outro, reluzindo seu brilho na imensidão da noite. O lago cinzento coberto por névoas envolvia o silêncio, que roubava todos os sonhos de um mundo decrépito. As árvores balançavam suas curtas folhas potentes, que em uma dança sinistra roubavam o ar e cortavam seu viver. Os animais estavam mortos, apáticos, gélidos. Havia uma cabana de folhas secas, rodeada por uma vegetação fúnebre, com os galho quebrados. Nessa cabana o tempo reinava e mesmo velha, ela resistia na paisagem. As núvens cobriam o céu e impossibilitavam o brilho das estrelas, mas algo brilhava. Eram as faíscas reluzentes que saltavam do coração das pessoas apaixonadas. O amor é assim, apesar de viver em um mundo sem vida, ele nos dá forças, nos anima, nos faz ver o brilho que só existe em nós. Essas faíscas saltitantes, que pulam, estouram, alegram, iluminam. Elas conseguem envolver o mundo em luz.

(Carlos A. T. Rossignolo)

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