segunda-feira, 21 de junho de 2010

Túmulo Profundo




Em uma noite gélida, fria e morta em seu sentido
Quando das árvores caíam as últimas folhas sombrias
A névoa pairava sobre o campo alvo e abatido
Jazia uma linda jovem, que distante sua face a fazia

Seu sangue estava escuro, sem aquele vermelho vivo
Seus olhos não mais transmutavam aquele azul profundo
Suas mãos gélidas não me faziam seu cativo
Sua imutabilidade e impotência pregavam-na ao fundo

Os corvos cantavam um som fúnebre e vazio
Os vermes estavam a esperar sua carne aveludada
O vento fazia reverência a face morta - sopro frio
E ao mais profundo sono de desespero estava destinada

Sua beleza já se desfazia, seu corpo em decomposição
O ruído da noite desviava do túmulo da senhora
E não mais ouvia, aquele forte e ritmado som do coração
Que não mais batia com a leveza de outrora

Sua tumba, com pesado mármore, foi lacrada
Não havia volta, sentia o peso da terra
E sua boca, formadora de belas palavras - fechada
O anjo da outra vida, tocar a trombeta, imóvel, espera.

(Carlos A. T. Rossignolo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário